Durante os dias 27, 28 e 29 de setembro, ocorreu, na cidade de Patos, Paraíba, o IV Simpósio de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Integradas de Patos. No evento, eu ministrei um workshop intitulado “Sintaxe Espacial na Simulação de Projetos de Arquitetura e Urbanismo”.
O objetivo da oficina foi mostrar o uso potencial da Sintaxe Espacial como ferramenta de suporte às tomadas de decisão em projetos arquitetônicos e urbanísticos, tanto na fase de diagnóstico, para capturar as potencialidades e limitações da edificação/espaço urbano, como na escolha do melhor cenário projetual, com base nos atributos sintáticos obtidos (integração, conectividade, simulação de fluxo de pessoas).
Pelo caráter da atividade, além da escala dos objetos de análise, foram empregadas a Análise de Grafos de Visibilidade e o Modelo Baseados em Agentes como ferramentas. Utilizou-se uma planta baixa, com duas variações, e uma planta de um bairro, com duas propostas de praça para um terreno livre, calculando-se as medidas sintáticas para cada um dos exemplos.
Os resultados foram comparados e, no final, gerados os modelos baseados em agentes, para simular, em tempo real, o fluxo de pessoas no mapa. A simulação leva em conta o caminho menos complexo a ser feito no modelo, tendo como variável única a configuração espacial, ou seja, o arranjo dos quarteirões/paredes e dos espaços livres públicos/ ambientes.
Os diferentes arranjos espaciais feitos geraram potenciais de uso diferentes, a depender do design dos traçados, das barreiras e permeabilidades: as propostas dos projetos que eram mais acessíveis, com maior permeabilidade visual e fluxo de pessoas possuía um potencial maior para atividades coletivas e circulação, enquanto que espaços mais segregados, pouco visíveis e com pouco fluxo de pessoas tinham um potencial maior de serem apropriados para lazer passivo (leitura, contemplação) e atividades que requerem privacidade e tranquilidade.
Dessa forma, observou-se no modelo urbano que não há um resultado negativo ou positivo das características configuracionais: o que existem são atividades que melhor se adaptam ao uso potencial. Ou seja, não são as medidas sintáticas que vão indicar uma boa arquitetura, e sim a sinergia entre os usos propostos e a vocação do espaço, além dos demais atributos arquitetônicos. É importante, independente do tipo de projeto, entender como a forma arquitetônica e urbana podem gerar subsídios para uma melhor compreensão da arquitetura, e como esta pode melhor interagir com as práticas sociais estabelecidas.
No modelo arquitetônico, em que foi estabelecido um perfil de cliente (família de quatro pessoas, que gosta de reunir durante as refeições , quer mais interação entre a cozinha e a sala e mais privacidade da área íntima) e foram processadas e analisadas quatro propostas diferentes de plantas, para identificar qual melhor se adaptava aos interesses de uso do cliente. As medidas conectividade e integração mostraram que o cenário 4 integrava melhor a área social e tornava mais segregada a área íntima, atendendo assim aos interesses de uso do cliente.
Conclui-se que a Sintaxe Espacial pode ser uma ferramenta interessante para a tomada de decisões em projetos arquitetônicos e urbanos, por facilitar a visualização de dados de acessibilidade e fluxo de pessoas.
Estou disponibilizando o material de apoio do workshop aqui no blog. Para baixar o conteúdo, clique aqui.
Para os tutoriais dos cálculos das medidas sintáticas utilizadas na oficina, veja os seguintes posts: