A arquitetura, enquanto um sistema de barreiras e permeabilidades, contribui para a geração de padrões de transações sociais (encontros e esquivanças). A organização (configuração) da malha viária gera potenciais de acessibilidade (possibilidade de alcance de diferentes pontos da cidade). Esta acessibilidade possui um grau de hierarquia, em que existem vias mais e menos acessíveis na cidade, em diferentes raios de alcance. Esta hierarquia viária gera padrões de distribuição de movimentos que, por sua vez, replicam em padrões de uso da terra urbana e em novos padrões de movimento, com novas hierarquias.
Estes pressupostos fazem parte da Teoria da Economia de Movimento. Criada por Hillier (2007), a partir da noção de movimento natural, a teoria propõe que a configuração espacial gera padrões de fluxo e deslocamentos e influenciam nos usos da terra urbana. Estes usos atuam como agentes multiplicadores do movimento, gerando novas hierarquias de acessibilidade e movimento, em diferentes escalas espaciais. Desta maneira, percebe-se que a configuração do artefato arquitetônico, suas possibilidades e limitações de campos visuais e de movimento, atuam como um sistema multiescala.
Deve-se lembrar que tais pressupostos não são deterministas. O grau de influência da configuração sobre o movimento e uso do solo varia de acordo com o lugar e a cidade, uma vez que outras variáveis e agentes atuam em conjunto na construção do espaço urbano e edificado.

Referência:
HILLIER, B. Space Is the Machine. London: Space Syntax, 2007.