Transportes Ativos, Não Motorizados e de Baixo Carbono: Alguns Conceitos

Nos atuais estudos sobre mobilidade urbana e transportes, uma série de novos conceitos têm sido utilizados frequentemente, como “transportes ativos”, “transportes não motorizados” e “transportes de baixo carbono”. Às vezes estes conceitos são utilizados como sinônimos, mas cada um deles possui peculiaridades e abrangem grupos diferentes de meios de transporte. Este post traz uma breve revisão e delimitação destes conceitos, apresentando as formas de deslocamento inseridas em cada um e faz recomendações de uso dos termos.

Transportes Ativos

De acordo com Litman (2003), consiste em meios de deslocamento movidos a propulsão humana. Ou seja, empregam a força do próprio corpo para se movimentar. Os exemplos mais comuns são o andar a pé, bicicleta, patinetes (não elétricos), patins e skates. Outras variações do mesmo conceito são “mobilidade ativa” e “meios ativos de transporte”. Este é o conceito mais delimitado para os meios de transporte citados.

Transportes Não Motorizados

Apesar dos autores de textos técnicos e científicos (a exemplo de Litman, 2021) entenderem que os transportes ativos são sinônimo de transportes não motorizados, estes são ainda mais abrangentes. A Política Nacional de Mobilidade Urbana (BRASIL, 2013), em seu Art 3º, § 1, classifica os modos de transporte urbanos como motorizados e não motorizados. Entende-se assim que os transportes não motorizados são aqueles que se deslocam sem a necessidade de um motor (seja a combustão, elétrico ou de outra matriz energética). Neste grupo, enquadram-se também os transportes de tração animal (SERRA, 2014).

Transportes de Baixo Carbono

Também chamados de “mobilidade de baixo carbono”, estão associados à eficiência energética e ao uso de combustíveis menos poluentes (ITDP BRASIL, 2019). São compostos, portanto, por meios de transportes com menor emissão de CO² que os veículos motorizados tradicionais, que empregam combustível fóssil. Além dos transportes não motorizados e ativos, fazem parte desde grupo veículos elétricos (ônibus, patinetes, bicicletas) ou que usem combustíveis alternativos (hidrogênio, combustíveis sintéticos, energia solar).

Qual Conceito Usar?

No esquema da figura abaixo, é perceptível as relações entre os conceitos “transporte ativo”, “transporte não motorizado” e “transporte de baixo carbono”. Um dos motivos da confusão do uso deles como sinônimos é o fato de o andar a pé e de bicicleta fazer parte dos três conceitos: são transportes, ativos, não motorizados e de baixo carbono. Mas é importante delimitar bem qual destes conceitos usar, pois podem abranger outros modos de transporte:

  • Se vai se referir somente à pedestres e bicicletas, recomenda-se usar o termo “transportes ativos”;
  • Se vai se referir, além de pedestres e bicicletas, a outros transportes que não usem motores, recomenda-se usar o termo “transportes não motorizados”;
  • Se vai se referir a transportes que, de forma geral, poluem menos, recomenda-se usar o termo “transportes de baixo carbono”.

Referências

BRASIL. Ministério das Cidades. Política Nacional de Mobilidade Urbana. Brasília: Ministério das Cidades, 2013. Disponível em: http://www.capacidades.gov.br/biblioteca/detalhar/id/269/titulo/politica-nacional-de-mobilidade-urbana—lei-n%c2%ba-1258712. Acessado em 13/03/2021.

ITDP BRASIL. Mobilidade de Baixo Carbono. Mobilidados em Foco, Boletim 1, 2019. Disponível em: http://itdpbrasil.org/wp-content/uploads/2019/02/MobiliDADOS_Boletim1.pdf. Acessado em 13/03/2021.

LITMAN, T. Active Transportation Policy Issues. Victoria: Victoria Transport Policy Institute, 2003. Disponível em: https://www.vtpi.org/act_tran.pdf. Acessado em 13/03/2021.

LITMAN, T. Evaluating Active Transport Benefits and Costs: Guide to Valuing Walking and Cycling Improvements and Encouragement Programs. Victoria: Victoria Transport Policy Institute, 2021. Disponível em: https://www.vtpi.org/nmt-tdm.pdf. Acessado em 13/03/2021.

SERRA, B. Curso de Capacitação para o Plano de Mobilidade Urbana. Parauabepas, 2014. Disponível em: http://www.capacidades.gov.br/download/MTA0NDk= . Acessado em 13/03/2021.

Autor: Alexandre Castro

Arquiteto e Urbanista, Mestre em Engenharia Urbana e Ambiental, Doutorando em Arquitetura e Urbanismo (UFRN). Entusiasta por cidades, pessoas e mapas. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1135510231721299

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